[…] e a pessoa que fazia ela forte, era a sua maior fraqueza.

Querida Sam,

Nem sabes o que aconteceu, ainda nem acredito. Lembras-te daquela mulher a quem eu chamava de 'Tia' e quem considerava como uma segunda mãe, não pondo de parte a minha amorosa e estimada Avó Lena? Recordas-te de um dia dizer que se tivesse de fugir de casa, era para casa dessa grande Mulher que eu iria? Olha foi repentino mas a verdade é que aconteceu. Essa pessoa abandonou-me, deixou-me, foi forte e feio, foi repugnante e nunca esperaria alguma vez isto dela. Pior ainda, quando pensei que iria conseguir evitar as lágrimas  não consegui, caíram e quando desejei que parassem, não pararam. Bolas, voltaram. Ela não só se afastou de mim como não permitiu que a minha priminha continuasse a crescer a meu lado e agora, onde fico eu? Onde fica a minha felicidade? Era comigo com quem ela ia sair a noite pela primeira vez, era a mim que ela um dia (o mais tarde possível) contaria como um ordinário moço abusou dela e aí seria eu que ia fazer um ajuste de contas com o tal larilas. E agora minha Sam? Que será de mim sem a minha irmã mais nova e sem a minha segunda mãe? (...) Lembro-me tão bem de um dia ela ter dito 'Quando formos grandes, vamos viver juntas?' ao que eu respondi 'Sim meu doce, vou tomar conta de ti!'. Enchi a minha almofada de gotas de agua que acabaram de sair de dentro dos meu frágeis olhos, agora mesmo, estão a passar por mim todas as recordações.. Houve até uma vez em que ela disse 'Jessica, podes chamar ao meu pai de 'Pai'? Quero que toda a gente pense que somos irmãs.' isto não se esquece! Ela deu-me um nome quando era miúda para que o alcance de me ter por perto, fosse facilitado na altura em que mal sabia falar. Tety, 'Tety' era o tal nome, era assim que ela me chamava e era deste modo que ela se dirigia a mim. Mas porquê é que não posso continuar a ser a companheira privilegiada das suas derrotas e das suas vitorias? Sam, a tristeza pode ser muita mas de uma coisa tenho a certeza, eu não vou perdoar nunca, a mulher que tirou dos meus braços a minha princesa Luana, não vou!